saudade, verbo intransitivo

de tempos em tempos me dá uma saudade irracional de você. e tenho vontade de ir até Minas só pra te ver. mas aí ponho meus pés no chão e lembro que tenho a faculdade e estou sem trabalhar e por isso não tenho grana nem para comprar a passagem de ida.  a vida segue, eu sei. mas que saudade das nossas tardes/noites juntas sentadas no bar conversando sobre tudo-o-que-der-na-cabeça.  o que foi bonito fica com toda a força. mesmo com você longe. certos momentos o tempo não apaga. e a gente sempre lembra. e eu lembro sempre de você, sis. e dá saudade. uma saudade bonita, daquelas que faz um sorriso escapar. daquelas que faz a gente sentir a pessoa por perto, mesmo que ela esteja longe.

sinto sua falta, sis ♥

[e tô com o peito cheio de alegria porque hoje vou te ver!]

saudade, verbo intransitivo

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É uma saudade que só aumenta, sabe? A dor vai diminuindo. Mas às vezes ainda teima em pisar no meu peito com força. Na dor a gente dá um jeito. Pode demorar, mas a gente dá. Na saudade não. Ela vai ficando, ficando, aumentando, aumentando. Tem dias que parece que ela não vai caber dentro de mim e vai inundar o mundo inteiro. Então te encontro em meus sonhos. E ela diminui um pouco. Pra depois voltar a crescer. Ela sempre estará aqui. E o jeito é aprender a lidar com ela. Estou aprendendo. Mas hoje tá difícil. Sei que sua alma é muito mais do que apenas números, mas nós, aqui na terra, nos apegamos a datas e coisas assim. Esteja onde estiver, te desejo todo o amor, toda a paz, todos os sentimentos bons que existem. Saiba que você está aqui comigo. Hoje e sempre. Te guardo dentro do coração com um carinho enorme. Um dia desses a gente se encontra…

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Nós

“O mundo é pequeno para os nossos sonhos

Para alguns são sonhos loucos

Mas em nosso mundo tudo pode acontecer

É só crer pra ver que a gente pode fazer tudo mudar

Nossa vida é uma loucura

Vamos beijar, viajar pra qualquer lugar

Tomar no !#*♥…?!

Arranjar um trampo, trabalhar

Sair por aí: revolucionar

Andar de skate: voar

Nossa própria banda: tocar

SE TUDO DER CERTO NINGUÉM VAI NOS SEPARAR

Saindo do controle a gente se sente melhor

Achar nosso lugar ao sol

Viver num mundo em que te fazer se sentir presa não é fácil

MAS TUDO MELHORA TENDO VOCÊ AO MEU LADO”

Ela escreveu isso pra mim exatamente às 22h05, do dia 30/03/2005. Faz quase 7 anos.  E amanhã fará 1 ano que ela partiu. A ficha ainda não caiu, sabe? Parece que ela apenas foi viajar para algum lugar distante e em breve retornará. Na verdade, essa ideia não é tão absurda assim, afinal, guardo dentro de mim a certeza de que ainda nos reencontraremos um dia.

Parece que foi ontem que recebi a notícia da morte dela. Eu estava no salão de casa, passando esmalte enquanto meu pai fazia churrasco e bebia cerveja com meus tios. Minha irmã atendeu o telefone e me deu a notícia. Minha respiração parou. Meu coração oscilava. Uma cachoeira de lágrimas desciam pelos meus olhos e mantinham um grito preso em minha garganta. Eu estava perplexa. Não conseguia acreditar. Parecia tão irreal a morte dela. “Ela estava atravessando a rua quando um ônibus veio e a atropelou. Ela morreu na hora”. Eu não aceitava aquelas palavras. Como aceitar palavras tão cruas, tão doloridas?

O corpo só seria liberado na manhã seguinte. Não consegui dormir aquela noite. Fiquei remoendo em minha mente a nossa história durante dias.

Nos conhecemos na escola, não lembro ao certo se na primeira ou segunda série. Lá pela sétima série começamos a nos tornar inseparáveis. Gostávamos dos mesmos caras, das mesmas bandas, dos mesmos autores… Meu primeiro show foi ao lado dela. Fazíamos vários planos para mudar o mundo. A irmã mais nova dela também era a melhor amiga da minha irmã mais nova. Escrevíamos cartas e músicas uma para outra. Íriamos criar nossos filhos juntos. Ela teria a Júlia. Eu teria o Theo.

Mas há uns três meses antes da morte dela, tivemos uma briga feia. Não estávamos nos falando quando ela se foi. Uma briga, que olhando agora, foi estúpida. Não conseguia me conformar por ela ter partido sem que tivéssemos feito as pazes. Me sentia culpada. Me sentia a pior pessoa do mundo. Eu só conseguia chorar. Eu chorava desesperadamente. Tudo o que eu queria era voltar atrás, pedir desculpas olhando nos olhos dela e ganhar um sorriso e um abraço sincero. Nada mais, apenas isso.

No velório e no enterro, reencontrei os amigos da época da escola. Eles me trouxeram um pouco de paz. A imagem dos pais dela era a imagem mais desoladora. Eles estavam em choque. No caixão, ela estava com uma espressão serena, inspirando calma e tranquilidade. Mas meu coração não se aguentava dentro do peito. Uma dor indescritível tomava conta de mim.

Os dias seguintes não foram diferentes. Ela não saia do meu pensamento. Aliás, desde que ela se foi, não passo um dia sequer sem lembrar dela. É uma saudade que não tem fim e aumenta cada vez mais.

Passei a encontrá-la sempre nos meus sonhos. Um sorriso lindo de se observar. Todas as vezes que a encontrava, conversávamos sobre assuntos banais e nos abraçávamos bastante, eu ficava com uma vontade imensa de dizer a ela que sentia muito, mas não conseguia. Ontem isso mudou. Assim que nos encontramos, ela me deu um abraço delicioso, meus olhos se encheram de lágrimas e eu pedi desculpas, dizendo que a amava muito e que nunca tinha deixado de amá-la. Ela olhou dentro dos meus olhos como se pudesse ver a minha alma e disse que sabia, que eu não precisava me preocupar e o amor dela por mim sempre esteve vivo também. Acordei sentindo uma alegria imensa e um calor gostoso no peito. Ainda conseguia sentir os braços dela ao meu redor. A presença dela era real e intensa. Hoje posso dizer que não me culpo mais. E que aprendi a lição: brigar para quê, se é sem querer?

Agradeço todos os dias por ter tido uma pessoa como você na minha vida. Que me ensinou tantas coisas, chorou, riu, cantou, caiu e levantou tantas vezes junto comigo. Meu amor por você nunca se apagou. Posso te sentir dentro de mim e ao meu redor. Você esteve e estará sempre presente. Te amo e… até breve.

Nós

Cartas a uma jovem que sente saudade

Todo final de ano é a mesma coisa. Retrospectivas, análises, novas metas para o ano que está chegando… Mas a maioria da pessoas fica só no blá blá blá.

Não sei até que ponto isso chega a ser loucura, mas sempre carreguei dentro de mim aquele sentimento de ter saudade de coisas que não vivi, lugares que não visitei e pessoas que não conheci. Então chega alguém e diz: ainda dá tempo, corre atrás! Eu poderia simplesmente deixar isso de lado e continuar choramingando as pitangas por conta dessas saudades absurdas. Mas alguma coisa nessa frase mexeu verdadeiramente comigo. Me deu esperança de vivenciar tudo isso que parece apenas uma lembrança distante…

Aí eu pensei: o Vertigem Existencial nasceu a partir de uma carta que escrevi e eu sempre amei ler as cartas que meus autores preferidos escreveram para seus amigos, por que não passar a escrever por aqui algumas cartas abertas para lidar com tudo isso?

E como um sinal, assim que abro meu Facebook, me deparo com uma carta, da qual não tenho certeza, mas acho que é do Caio F., que me dá ainda mais esperança e mais vontade de correr atrás de tudo aquilo que eu ainda não vivi…

” Olhe, não fique assim não, vai passar. Eu sei que dói. É horrível. Eu sei que parece que você não vai aguentar, mas aguenta. Sei que parece que vai explodir, mas não explode. Sei que dá vontade de abrir um zíper nas costas e sair do corpo porque dentro da gente, nesse momento, não é um bom lugar para se estar. Dor é assim mesmo, arde, depois passa. Que bom. Aliás, a vida é assim…: arde, depois p…assa. Que pena. A gente acha que não vai aguentar, mas aguenta: as dores da vida. Pense assim: agora tá insuportável, agora você queria abrir o zíper, sair do corpo, encarnar numa samambaia, virar um paralelepípedo ou qualquer coisa inanimada, anestesiada, silenciosa. Mas agora já passou. Agora já é dez segundos depois da frase passada. Sua dor já é dez segundos menor do que duas linhas atrás. Você acha que não porque esperar a dor passar é como olhar um transatlântico no horizonte estando na praia. Ele parece parado, mas aí você desvia o olho, toma um picolé, lê uma revista, dá um pulo no mar e quando vai ver o barco já tá lá longe. A sua dor agora, essa fogueira na sua barriga, essa sensação de que pegaram sua traquéia e seu estômago e torceram como uma toalha molhada, isso tudo – é difícil de acreditar, eu sei – vai virar só uma memória, um pequeno ponto negro diluído num imenso mar de memórias. Levante-se daí, vá tomar um picolé, ler uma revista, dar um pulo no mar. Quando você for ver, passou. Agora não dá mesmo pra ser feliz. É impossível. Mas quem disse que a gente deve ser feliz sempre? Isso é bobagem. “É melhor viver do que ser feliz”. Porque pra viver de verdade a gente tem que quebrar a cara. Tem que tentar e não conseguir. Achar que vai dar e ver que não deu. Querer muito e não alcançar. Ter e perder. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e dizer uma coisa terrível, mas que tem que ser dita. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e ouvir uma coisa terrível, que tem que ser ouvida. A vida é incontornável. A gente perde, leva porrada, é passado pra trás, cai. Dói, ai, doi demaaaais. Mas passa. Está vendo essa dor que agora samba no seu peito de salto agulha? Você ainda vai olhá-la no fundo dos olhos e rir da cara dela. Juro que estou falando a verdade. Eu não minto. Vai passar.”

Sabe essa saudade toda disso tudo que eu sinto? Vai passar, né?

Cartas a uma jovem que sente saudade