O fim da Aldeia Maracanã: não é assim que se faz uma Copa do Mundo

indioHoje acordei com uma notícia péssima. A de que a polícia invadiu a Aldeia Maracanã para retirar os índios e manifestantes que protestavam contra a desocupação do espaço. Hoje, a Aldeia Maracanã viu seu fim pelas mãos truculentas da polícia e do Estado. É esse o país do futuro. É esse o país que abrigará a Copa do Mundo. Parabéns, Brasil.

“Cada vez que se comete um ato de violência que coloca em risco a integridade de um grupo social indígena, se esfacela sua cultura, seu modo de vida, suas possibilidades de expressão. É uma porta que se fecha para o conhecimento da humanidade, como dizia Levi-Strauss. É essa a Copa do Mundo que o governo quer fazer? É esse espetáculo da violência, a lição civilizatória que o Rio de Janeiro tem para mostrar ao mundo? A política-espetáculo tem um efeito simbólico: mostrar que o avanço do projeto de cidade, rumo aos megaeventos esportivos, far-se-á a qualquer custo” – Fernanda Sánchez, professora da UFF e pesquisadora sobre os megaeventos e as cidades. Leia o texto completo aqui.

O fim da Aldeia Maracanã: não é assim que se faz uma Copa do Mundo

Ato “Copa para quem?”

copa pra quem?

Pra quem não sabe, sou do Comitê Popular da Copa SP. Amanhã teremos nosso grande Ato “Copa Para Quem?” VEEEEEM!

O Comitê Popular da Copa SP – grupo aberto de articulação e resistência contra impactos e violações de direitos humanos da Copa do Mundo de 2014 em São Paulo- e os mais de 50 movimentos sociais, organizações e coletivos que assinam o manifesto “COPA PARA QUEM?”, convidam a todxs para o ato:
“Copa pra Quem?”, dia 1º de dezembro, às 13 horas, com concentração em frente à Ocupação da Rua Mauá, nº 340.
Desde que o Brasil foi anunciado sede da Copa do Mundo de 2014, diversos impactos têm sido sentidos pela população: remoções forçadas de milhares de  pessoas de suas casas, sem alternativa de moradia digna, para dar lugar a  obras viárias que nem sequer foram discutidas com a população – estima-se que serão mais de 170 mil famílias retiradas de suas casas; incêndios criminosos em favelas; expulsão da população em situação  de rua do centro da cidade… tudo isso em um violento processo de limpeza social. Nas obras, a precarização dos  direitos e condições de trabalho daqueles que constroem a cidade, e nas  ruas, a perseguição aos trabalhadores ambulantes, impedidos de trabalhar. Assistimos a um processo de militarização da cidade através de operações policiais que têm como alvo criminalizar, reprimir e exterminar indivíduos – especialmente pobres, negros e periféricos, e movimentos sociais.
Além destes impactos, a Lei Geral da Copa aprovada em maio deste ano entra em vigor neste dia 01/12, em razão do sorteio das chaves da Copa  das Confederações da FIFA em São Paulo. Isso significa que será demarcada uma área de exclusão, em que a prefeitura de São Paulo abdica de sua autoridade em favor da FIFA, que controlará o acesso em um raio de dois quilômetros em torno de todos os locais de eventos até o final de 2014, incluindo ruas, avenidas, e todos os equipamentos públicos que houver na região. Esta medida fere direitos e liberdades constitucionais, como o direito de ir e vir em espaço público, e a competência municipal para regular esse espaço.
Em vez de ser motivo de celebração do esporte  mais popular do país e melhoria na vida das pessoas da cidade, a  preparação para este megaevento tem sido utilizada para aumentar,  acelerar, e intensificar violações de direitos humanos por toda a  cidade. Nos estádios, ingressos caros elitizam o acesso ao espetáculo e às manifestações da cultura do futebol: o ingresso mais barato não sairá por menos de R$ 57 e bandeiras e instrumentos foram proibidos dentro dos estádios. Serão mais de 30 bilhões de reais, vindos dos cofres públicos, investidos em obras para um evento que será acessível a poucos e que tanta falta faz nas áreas da saúde, educação, moradia, transporte e no próprio esporte. Com o crescimento do turismo devido à Copa, cresce também a exploração sexual de mulheres e crianças e o tráfico de pessoas.
Pensando  nesses impactos e na possibilidade de uma organização popular para resistir e  fazer o contraponto a este processo, entendendo que a cidade e o futebol são do povo e não de entidades privadas como a FIFA ou  a CBF, corporações como a Coca Cola, governos ou empreiteiras, o Comitê  Popular da Copa SP e as organizações e coletivos listados abaixo, convidam todos os jornalistas para o grande ato do dia 1º de dezembro, data do sorteio das chaves da Copa  das Confederações da FIFA em São Paulo. Lideranças do Comitê Popular e moradores afetados pelos impactos da Copa estarão no local disponíveis para esclarecimentos e entrevistas à imprensa.
“Basta o amor pelo esporte para hipnotizar desavisados”
– Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira
Ato “COPA PRA QUEM?”
Data: 1º de dezembro de 2012
Horário: 13h
Local: concentração em frente à Ocupação da Rua Mauá, nº 340
Estimativa de público: 10 mil pessoas
Trajeto:
-Rua Mauá, 340
– Alameda Cleveland
– Rua Helvétia
– AV Rio Branco
– Rua Dos Gusmões
– Rua Mauá
-AV Tiradentes – sentido Sambodrómo do Anhembi
Acompanhe a página do evento no Facebook: http://www.facebook.com/events/223458344452367/
Informações para a imprensa: 
Graziela Massonetto – (11) 9 8705-3411 / (11) 9 8917-1171 / (11) 3039-5673
Juliana Machado – (11) 99333-7128
Coletivos & Organizações:
Articulação Nacional pela Memória, Verdade e Justiça
 APAC- Associação Potiguar dos Atingidos pelas Obras da Copa
 Associação de Professores da PUC-SP (Apropuc)
 Associação dos Moradores e Amigos do Jardim Helian- Itaquera
 Autônomos & Autônomas FC
 Buraco D’Oráculo
 Casa Mafalda
 Central de Movimentos Populares (CMP)
 Centro Acadêmico de Serviço Social – PUC SP (CASS PUC-SP)
 Centro Acadêmico Ruy Barbosa (CARB)
 Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos
 Coletivo Canto Geral – Direito USP
 Coletivo NASA – ABC
 Comissão Pastoral para a Caridade, Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo
 CPT-Comissão Pastoral da Terra e Pastoral Carcerária
 Comitê de Enfrentamento à Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes
 Comitê Popular da Copa SP
 Companhia Kiwi
 Companhia da Revista
 Comunidades Unidas de Itaquera
 Cooperativa Paulista de Teatro (CPT)
 Democratização do Futebol
 Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes
 Escritório Modelo da PUC – SP
 ExNEEF Executiva Nacional de Estudantes de Educação Física
 Fanfarra do MAL (Movimento Autônomo Libertário) (bateria)
 Fórum Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de São Paulo (FEDDCA)
 Fórum da Assistência Social da Cidade de São Paulo
 Fórum Permanente de Acompanhamento das Políticas Públicas para População em Situação de Rua de São Paulo
 Grupo de Articulação para Moradia do Idoso da Capital (GARMIC)
 Grupo Teatral Parlendas
 Hangar de Elefantes
 Instituto do Negro Padre Batista
 Instituto Pólis
 Instituto Práxis de Direitos Humanos
 Jornal O São Paulo
 Kombi do Rap – São Caetano do Sul
 Marcha Mundial das Mulheres
 Movimento de Moradia Região Central (MMRC)
 MDF – Movimentode Defesa dos favelados – Regiaõ Episcopal Belém
 Mira Central – grupo livre de pesquisas sobre áreas urbanas centrais
 Movimento de Sem Teto
 Movimento de Teatro de Grupo
 Movimento de Teatro de Rua de SP
 Movimento Nacional da População de Rua (MNPR)
 Movimento Passe Livre SP (MPL)
 Movimento Salve Barroca – Em Prol da Vida
 Núcleo de Antropologia Urbana da USP (NAU)
 Núcleo de Defesa de Direitos Humanos da População em Situação de Rua e Catadores de Materiais Recicláveis – SP (NDDH-SP)
 Núcleo de Direito à Cidade – USP
 Observatório das Metrópoles – São Paulo
 Ocupa Sampa
 Pastoral Afro da Arquidiocese
 Pastoral da AIDS
 Pastoral da Moradia Arquidiocese
 Pastoral da Mulher Marginalizada (PMM)
 Pastoral de Rua
 Pombas Urbanas
 Pastoral do Menor da Arquidiocese de São Paulo
 Rede Jubileu Sul Brasil
 Rede Rua
 Salve Barroca – São Caetano do Sul
 Serviço de Assessoria Jurídica Universitária (SAJU)
 Serviço Franciscano de Solidariedade (SEFRAS)
 Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM)
 Sociedade dos Amigos, Moradores e Empreendedores do Bairro Cerqueira César (SAMORCC)
 Streetnet International
 Tribunal Popular
 União dos Movimentos de Moradia São Paulo (UMMSP)
 Vila Nova Esperança
Ato “Copa para quem?”

copa pra quem?

basta o amor pelo esporte para hipnotizar desavisados – Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira

 

http://www.facebook.com/events/342370035858392/

amanhã tem reunião do Comitê Popular da Copa 2014 em SP. a Copa não é só futebol, a Copa

são 170 mil pessoas com seu direito à moradia sendo violado ou ameaçado, a cidade entrando em estado de exceção, empresas estrangeiras tomando lugar de pequenos comerciantes brasileiros, desrespeito à legislação e aos direitos ambientais, aos direitos trabalhistas e ao direito ao trabalho, milhares de pessoas a quem o direito à informação e à participação nos processos decisórios tem sido atropelado pelas autoridades e por entidades privadas, isso sem contar que 98% do dinheiro gasto sairão dos cofres públicos. será a Copa mais cara da história. em 9 de junho desse ano, o TCU (Tribunal de Contas da União) divulgou que os gastos estimados da Copa do Mundo do Brasil subiram de R$ 25 bilhões para R$ 27,4 bilhões. alguma dúvida de que esse número ainda aumentará muito mais? quem paga por isso? Copa pra quem?
O Comitê é um grupo aberto de articulação e resistência contra impactos e violações de direitos humanos da Copa do Mundo. estamos convidando movimentos sociais, organizações e entidades de defesa dos direitos humanos, coletivos autônomos, artistas, jornalistas, estudantes, pesquisadorxs e trabalhadorxs em geral para que se somem à organização de um grande ato no dia 1º de dezembro, data do sorteio das chaves da Copa das Confederações da FIFA.
copa pra quem?

Brasil indo a escanteio

Hoje a Grécia está em sua 5ª greve geral. O país está parado, os trabalhadores estão nas ruas protestando contra as medidas de austeridade impostas pelo governo. Na Espanha, estudantes estão no 3º dia de greve, contra cortes no orçamento e a favor da melhoria da educação. Mais de 70 ruas na Espanha estão ocupadas por eles. Na última terça, no Chile, milhares de estudantes e professores foram às ruas pedir mudanças no setor educacional.

A imprensa espanhola já está com a informação de que as duas maiores centrais sindicais espanholas convocarão greve geral para dia 14 de novembro, mesma data em que ocorrerá greve em Portugal. No mesmo dia haverá uma jornada de luta em toda a Europa e é possível que se realizem greves gerais em Malta e Chipre.

Enquanto isso, aqui no Brasil, estamos pensando em quem matou o Max e na Copa do Mundo. Quem precisa se importar com melhorias na educação, o direito à moradia digna, a demarcação de terras indígenas, a violência policial, a militarização da cidade, a especulação imobiliária, as favelas pegando fogo e as famílias sendo removidas de suas casas quando se é o país que vai sediar a próxima Copa e o em que mais se assiste a novelas?

(Foto: Greve nacional de 24 horas na Grécia: protestos em frente ao Parlamento, em Atenas)

Brasil indo a escanteio

(Des)aniversário Ocupa Sampa

1 ano de Ocupa Sampa. Parece que foi ontem aquele 15 de outubro chuvoso de 2011. Ao mesmo tempo, parece que conheço todxs do Ocupa há anos… Esse vídeo, com uma compilação feita pelo Duda, mostra um pouco sobre o que foram esses 12 meses. Hoje à noite, realizaremos um balanço/roda de conversa sobre esse 1 ano de luta. Será às 19h, no Vale do Anhangabaú, embaixo do Viaduto do Chá, onde tudo começou.

No sábado, rolou o #13º Global Noise – Panelaço – A cidade é nossa. Estávamos em 50 pessoas. A oficina de cartazes no Moinho foi marcada pela ampla participação das crianças. No caminho, paramos nas ocupações Mauá, São João e antiga Ocupação Ipiranga. Era aniversário de 2 anos de ocupação da São João, fomos convidadxs para festa que rolaria à noite.

Já quase chegando no Anhangabaú, o Tatu da Copa estava ali nos esperando. Não foi nada planejado, de repente, não mais que de repente, o Tatu estava caído, murcho, furado. A galera de Porto Alegre pode se orgulhar da gente. Aliás, para quem não sabe o que aconteceu em Porto Alegre, fica aqui um vídeo sobre o caso. Os manifestantes sofreram violenta repressão policial ao invadir o espaço destinado ao Tatu. Como forma de protesto e indignação, a galera de Brasília também acabou com o Tatu. Em SP, ele caiu nesse último sábado. Que ele caia em todas as cidades. UNI-VOS CONTRA O TATU – que representa a política higienista e especulativa da Copa no Brasil.

 

Após o Tatu cair (lembrando que tô falando do caso aqui de SP), vimos uma atitude extremamente preconceituosa e racista da GCM. Entre as 50 pessoas que estavam ali, a acusação de ter furado o Tatu foi para um morador do Moinho que nos acompanhava. O motivo? O cara é negro e pobre. Isso já basta para incriminá-lo de acordo com a política dos órgãos de repressão do nosso país. Após longas horas de diálogo com a GCM e sem abandonar o lema “se levar um, leva todo mundo”, o caso foi resolvido sem maiores conflitos. Aqui tem uma matéria sobre essa ação.

Tivemos uma roda de conversa sobre poder popular, militarização da cidade e as consequências que os megaeventos como a Copa e as Olimpíadas trazem para o país. Depois, fomos à festa da São João. E, caralho, fomos super bem recebidos. Até espaço no palco improvisado, para tocar e cantar, nós tivemos. Cena improvável: Mariano ao lado de uma criança ensinando ela a tocar bateria. A criança em questão é o Lucas, de 12 anos, morador da ocupação e já presidente do Grêmio da sua escola. Fiquei trocando ideia com o guri. Tem futuro!

O balanço do dia é bem positivo. Não fosse um porém: a sombra de alguém que estaria ali mas não estava. Ainda não digeri. Ainda acho estranho. Ainda não sei como agir. A cada dia essa sombra fica maior. A cada dia sinto isso que eu tenho aqui dentro morrendo um pouquinho. Mas… não penso em sucumbir. Não quero, não cogito. Vou cambaleando, mas vou. Sigo cantando, mesmo que rouca. O coração não tá leve, mas segue pulsando. Levo um sorriso torto no rosto, acompanhado pelo meu andar desajeitado e pelo meu jeito desajustado.

(Des)aniversário Ocupa Sampa