Carol Teixeira abre a porta do seu apartamento e da sua vida*
“Pede para o porteiro deixar você entrar pela porta do fundo, porque não sei onde está a chave da porta principal, acho que perdi”, me diz Carol Teixeira, quando ligo em seu celular para avisar que estou na portaria do seu apartamento, na Alameda Campinas. Na tarde de um sábado quente, pego o elevador e entro pela porta dos fundos. “Nossa, desculpa, nem tirei o lixo de trás da porta”, exclama a filósofa, escritora, vocalista e apresentadora. Na verdade, o lixo era o que menos importava. O cheiro doce de incenso perfumava toda a cozinha, destoando um pouco do clima rock and roll da casa: geladeira e paredes com fotos de ídolos do rock, como Iggy Pop e Sid Vicious. Carol me recebe de batom vermelho, vestido estilo pin-up com coraçõezinhos e meias 7/8 pretas. O cabelo solto e platinado dá ênfase às sardas espalhadas pelo rosto. Puro charme.
Logo de cara, Carol me oferece água. Abre o freezer a retira uma fôrma de gelo vermelho, feita de silicone, com desenho de caveirinhas: “Comprei faz pouco tempo, achei demais os desenhos. Você vai estrear o gelo de caveirinha!”. Mas quem disse que o gelo saía da forma? “Deve ter uma forma mais fácil de tirar e eu não sei!”, diz rindo. Sugiro colocar a fôrma embaixo da torneira, para água escorrer nela e o gelo sair. Dá certo. E tomo minha água com gelo de caveirinha.
Carol Teixeira nasceu em 1979, no Rio de Janeiro, mas é gaúcha de coração: “Nasci praticamente por acaso no Rio. Meus pais estavam passando um tempo por lá, mas com poucos meses fui para Porto Alegre”, revela, com o seu inconfundível sotaque de quem foi criada no sul do Brasil. Carol veio para São Paulo com aproximadamente 26 anos (“sou péssima com idades/datas, nunca me lembro delas ao certo!”), junto com seu ex-marido Fred Chernobyl, produtor, DJ e guitarrista da banda gaúcha Comunidade Nin-Jitsu. Chernobyl fazia a ponte entre funk, eletrônico e rock. Dizem que se o funk carioca conseguiu sair dos morros do Rio para chegar ao mundo afora, um dos grandes incentivos para essa difusão veio do ex-companheiro da Carol. “Casei com o Fred em Porto Alegre. Mas teve uma hora em que nos olhamos e falamos, temos que ir para SP. Achava Porto Alegre uma cidade muito limitada, apesar de gostar de lá, sempre tive ânsias que extrapolavam a cidade. Todas as áreas de arte aqui tem mais espaço, tanto no âmbito de realização pessoal quanto em relação a grana, o que foi ótimo para nós dois”, revela a carioca por acaso. Carol já havia vindo a São Paulo a passeio, mas nunca para morar. “Essa cidade me acolheu. Sinto que as minhas ideias têm mais ressonância aqui”, completa.
Se na cozinha a frase da janela diz que o sol está chegando, como na música dos Beatles, “Here Comes the Sun”, ao irmos para a sala, vemos “Come As You Are”, título de uma música do Nirvana, escrito (em cor de rosa) na parede branca. Sentamos no sofá, mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Carol levanta e vai pegar café. “Quer com açúcar ou com adoçante?”, ela me pergunta. Respondo que prefiro puro, sem nada. “Que hardcore!”, diz Carol, surpresa pelo meu gosto por coisas amargas, para em seguida falar sobre seu gosto por café: “Amo café, mas tenho que tomar cuidado porque tenho insônia, estão não posso tomar muito”.
Enquanto Carol serve o café, reclamamos sobre o trânsito de São Paulo. Ela diz que vários amigos estão cogitando não ter mais carro, fazer percursos de bike e andar mais a pé. Comenta que não pretende abandonar o seu próprio automóvel, mas que diminuiu o uso, já que ultimamente tem percorrido apenas pequenas distâncias no seu bairro, Jardim Paulista. Gosta de ir ao Starbucks, que fica a apenas algumas quadras do seu apartamento, pedir um café e ficar lendo um livro, escrevendo ou ouvindo música. “Estou em uma fase mais diurna”, revela Carol, que começou a fazer aulas de yoga ali perto também e diz estar muito mais equilibrada. “Eu era uma pessoa muito da noite e isso me atrapalhava pelo fato de eu ficar menos produtiva. Mas agora tô a louca do yoga, você não tem ideia! Faço todo dia, mudou a minha vida!”, empolga-se.
A impressão é a de estar conversando com uma amiga de longa data. Uma daquelas amigas que você admira pela personalidade forte, inteligência, simpatia, abertura para falar sobre qualquer assunto… Enfim, uma pessoa que não tem medo de dizer sim à vida. Carol tem, inclusive, um sim tatuado em seu pulso, exatamente como uma “resposta afirmativa à vida”, em suas próprias palavras. Aliás, essa não é a única palavra tatuada em seu corpo. Fã de Nietzsche, exibe as frases “a arte existe para que a realidade não nos destrua”, em alemão, nas costas, e “torna-te quem tu és”, em português, no braço direito. A paixão pela filosofia surgiu ainda na adolescência: “Eu era uma adolescente de 13 anos que lia Nietzsche! Sempre fui, desde criança, muito questionadora. Encontrei na filosofia uma forma de dar vazão a esses questionamentos”, conta Carol. “Mas foi por causa do colégio que comecei a me interessar por filosofia. Eu tinha professores muito chatos e sem graças, como todo mundo tem em determinado momento. Aliás, acho isso um grande problema. A imagem, por exemplo, que os professores de ensino médio passam para os alunos é completamente desligada da realidade e acaba se tornando uma coisa exaustiva. Eu sempre tento trazer a filosofia pra realidade das pessoas, o processo do aprendizado fica muito mais gostoso”, completa.
A filósofa
Sua vida de leitora começou aos quatro anos, quando aprendeu a ler. Com essa idade passou a ler histórias em quadrinhos e aos poucos foi passando para obras mais densas. Ela conta que foi a melhor aluna da sala. Pelo menos até a 8ª série, hoje 9º ano: “Depois disso começaram as festas, passei a sair mais e não era mais a melhor, mas nunca deixei de tirar boas notas”. Quando entrou para faculdade de filosofia, na PUC-RS, Carol mostrou novamente seu gosto pelos estudos: passou o primeiro ano da graduação praticamente só estudando. “Eu me apaixonei tanto que abdiquei da minha vida social. Fiquei só estudando, ficava em casa o dia inteiro, eu não queria sair, eu não queria ‘ficar’ com ninguém, então acabei não beijando ninguém durante esse ano. Eu me tornei tipo uma louca, ermitã filósofa, uma coisa meio Zaratustra. Mas foi aí que o aprendizado veio com tudo e a filosofia entrou em mim”, relembra.
Atualmente, Carol faz mestrado na PUC-SP, mas diz ter problemas com a academia. Admite que hoje tem alguns professores incríveis, outros que poderiam ser mais incríveis e outros que a incomodam. Para ela, há uma tentativa de enquadramento aos moldes acadêmicos: “Me incomoda a maneira como tentam nos tornar seres extremamente ligados ao status que a academia representa, algo que não comunica ao restante da sociedade, à realidade”. A mestranda revela que teve problemas com a sua tese, pois tentaram mudar o tema que ela escolheu, “O poder da mulher como objeto sexual”, por outro “menos ousado”. Carol conta que não quis fazer algo óbvio, repetindo fórmulas prontas. “Infelizmente, acho que a filosofia no Brasil te ensina a repetir, repetir, repetir. Diferente, por exemplo, do que é na França, onde você é estimulado a pensar. Me sinto um pouco enclausurada”, lamenta.
Ao falar de sua tese, Carol lembrou de uma exposição que visitou, chamada “Em Nome dos Artistas”, uma exposição coletiva em comemoração aos 60 anos da Bienal. A obra de Jeff Koons, artista norte americano de quem a filósofa gosta muito, foi a que mais a marcou. Intitulada “Made in Heaven”, a obra trazia o próprio Koons e sua esposa na época, a atriz pornô Cicciolina, em fotos que mostravam os dois fazendo sexo. A visita estava sendo guiada pelo filósofo Walter José. “Paramos diante de uma cena que era assim: era ele parado, de pau duro, pornô mesmo, e ela ajoelhada, com a perna aberta, agachada, segurando o pau dele, então o Walter, comentou que analisando semioticamente a foto, esse pau é dela, nada nessa foto é dele, é tudo dela, quem está no controle dessa situação é ela, embora ela esteja abaixada numa posição que sugere submissão, quem domina é ela. E eu fiquei pensando, porra, tudo a ver com a minha tese. Quem detém o poder é quem detém o desejo do outro”, diz Carol. Para ela, geralmente a visão feminista mostra que a mulher, quando observada como objeto sexual, como objeto de adoração, é tida como submissa, pertencente a um sistema patriarcal feminino que não permite com que ela saia dessa posição, visão com a qual ela não concorda: “Acho que ao contrário, o poder que a gente tem quando está na posição de objeto sexual é absurdo, porque você detém o desejo do outro e quando você detém o desejo do outro, quem tá no poder é tu, é evidente”, discorre.
Pergunto a Carol sobre como ela lida com o sexo em sua vida. “Me interesso pela sexualidade. Gosto da energia erótica ao meu redor, é uma energia muito afirmativa”, ela responde prontamente, me mostrando um livro da Sacha Grey, uma atriz pornô, que estava na mesinha de centro da sua sala. Ao ser questionada se alguma vez sofreu preconceito por discorrer tão abertamente sobre sexo e sair em revistas com pouca roupa em ensaios sensuais, Carol é enfática: “No começo rolava um pouco. Muitas pessoas acham que se você é sexy, não pode ser inteligente. Mas não ligo. Eu sei que não sou apenas uma imagem, um corpo ou um rostinho bonito na revista”. Mesmo acreditando que as pessoas estão cada vez mais abandonando essa dicotomia entre beleza e inteligência, ela explica de onde vem esse pensamento: “É toda uma herança platônica, por essas e outras que não gosto do Platão, começou com ele essa história de diferença entre corpo e alma, acho um absurdo. Eu gosto muito é do Michel Onfray, filósofo francês, que é super combativo a esse pensamento platonista, para ele, não há separação entre alma e corpo, entre corpo e intelecto”.
A escritora
Ela escreve sobre sexo para a revista VIP, onde todo mês aparece ao lado de sua coluna, uma foto sensual. “Tô cagando e andando se alguém vier duvidar de alguma capacidade intelectual minha”, resume. Carol chegou até a VIP, inclusive, por conta de um ensaio sensual. Ela já fazia parte da banda Brollies & Apples, quando foi convidada, juntamente com sua companheira de banda Bianca Jhordão, a posar para a revista. Elas conheceram o editor chefe Ricardo Lombardi, Carol, que sempre gostou do conteúdo das revistas masculinas, teve então uma ideia. Chamou Lombardi para conversar e foi enfática: “Acho que eu deveria ter uma coluna na VIP”. Simples assim. “Me comunico muito bem com o público masculino, acho interessante ter na revista uma mulher que possa transmitir sensualidade e ao mesmo tempo escrever uma coluna. Acho que serei ouvida, por mil motivos, mesmo que inicialmente, um desses motivos seja a minha bunda”. Lombardi gostou da ideia e no mês seguinte, Carol começou a escrever sua própria coluna. “É uma das coisas que mais gosto de fazer. Me conectei total com o leitor da VIP, eles escrevem elogiando, dando sugestões… até namoradas já me escreveram me agradecendo”, comenta.
Carol começou a escrever em uma revista chamada Wake Up, quando tinha por volta de 20 anos e já estava na faculdade. A revista era editada por um colega seu Escrevia crônicas, a maioria polêmicas, envolvendo temas como sexo, amor e relacionamentos. As crônicas começaram a dar o que falar. Ao me contar sobre essa sua primeira experiência com a escrita que teve repercussão, ela vai até o quarto buscar o flyer do lançamento de um site que criou: “Sempre fui uma pessoa muito metida no sentido de meter a cara, eu não tenho medo. As pessoas tem que ser assim, eu com 18 anos, vou até te mostrar. Eu fiz um site assim do nada, e resolvi fazer um coquetel”, conta. Ela me mostra o papel, que tinha achado essa semana ao revirar uma gavetas, com a data de 8 de dezembro de 2003, chamando para o “Coquetel de Lançamento do Site da Carol Teixeira”. Carol se tornou conhecida e foi assim que a chamaram para substituir a Marta Medeiros, que entraria de férias, em sua coluna no jornal Zero Hora. Uma grande honra para a jovem de 20 e poucos anos que estava começando a ter suas palavras lidas por um grande público.
Os textos do blog acabaram se tornando o livro “De abismos e vertigens” (editora Sulina), que Carol lançou em 2004, com crônicas e trechos de seu diário, onde mostra toda a urgência que carrega dentro de si com textos que mostram terem sido escritos com a alma. “Foi o grito da minha saída da adolescência e descobrimento da vida adulta”, conta. Seu segundo livro, “De verdades e mentiras” (editora L&PM), saiu em 2006: “com o sucesso do primeiro, quisemos lançar o segundo logo em seguida, mas confesso que hoje esperaria um pouco mais para lançá-lo, mudaria algumas coisas nas crônicas e contos que compõe o livro”, revela. Carol avisa que o terceiro está a caminho, pretende lançá-lo até janeiro. “Me cobra?”, ela brinca.
Além dos livros, Carol já se aventurou em duas peças: escreveu “Festa de Bebete”, uma comédia com situações inusitadas que ocorriam durante o ano novo; e “Cenas de Amor Intenso”, que falava sobre relacionamentos e tinha trechos de um de seus autores preferidos, Caio Fernando Abreu. “O Zé Adão Barbosa, que foi meu professor de teatro durante anos e hoje é meu amigo, pediu para que eu escrevesse e dirigiu as peças”, diz Carol. Quando pergunto se já trabalhou como atriz, ela conta que apenas nas aulas de teatro mesmo, mas que se a oportunidade surgir, ela não teria dúvidas de que abraçaria a ideia de atuar. Pensa também em escrever uma terceira peça, que seria uma junção de seus dois primeiros livros, mas essa ideia ainda não foi para o papel.
Além de Nietzsche, Michel Onfray e Caio Fernando Abreu, Carol também se encontra e busca inspiração em Sartre, Gilles Deleuze, Peter Paul e Jack Kerouac, segundo ela, autores que são intensos naquilo que escrevem. Mas o grande livro da sua vida é “A Insustentável Leveza do Ser”, de Milan Kundera, segundo Carol, esse livro consegue tocar a sua alma “com tanta delicadeza e força ao mesmo tempo, que é impossível ficar indiferente”.
Outra iniciativa da qual Carol participou foi o curso B.I.T.C.H, no espaço Perestroika, do qual foi coordenadora de um curso sobre o poder da mulher. A aula inicial contou a participação dela e da Marcia Tiburi, de quem é grande amiga. Foram cerca de 30 mulheres participantes.
A música
Carol não pensava em ter banda, mas desde pequena tocava piano e tirava músicas de ouvido. Teclado. A música foi chegar mais forte para ela através dos meus namorados, principalmente através do ex-marido Chernobyl: “Ele é mais do rock, eu estava nessa fase mais rock. Escrevi duas letras com ele e gostei do resultado. Um dia eu encontrei a Bianca Jhordão, que já tinha uma banda, chamada Leela, no prêmio Nicklodeon” conta. As duas apresentaram prêmios, se encontraram no backstage e começaram a conversar. Acabaram ficando muito amigas. “Então do nada, falamos ‘vamos fazer uma banda?’ A noite nos encontramos novamente, o Fred estava junto comigo, e o Rodrigo, marido da Bianca, foi com ela, na hora veio a ideia de fazer uma banda de casais”, completa Carol. Surgia assim o Brollies & Apples. Ela conta que era para ser uma coisa mais de internet mesmo, mas o Lúcio Ribeiro, jornalista, conheceu a banda e quis que tocassem num grande festival chamado Popload. O B&A ganhou mais estrutura, Lúcio é considero o padrinho da banda até hoje. Porém, a formação está um pouco diferente. Fred não está mais no grupo e Bianca também saiu. Entrou em seu lugar a roqueira Dizzy Queen. “No palco deu outra mistura, eu e a Bianca interagíamos muito, mas a Dizzy entrou e esotu achando muito mais performático e legal, o show ficou mais louco, a gente causa bastante, nos jogamos no chão…”, explica Carol.
Além do B&A, Carol participa de um projeto intitulado “Groovin’ You”, com duas amigas DJ’s, onde ela faz vocais em cima da base eletrônica. Enquanto conversamos, a gata de estimação da Carol aparece e sobe no sofá. Descubro que Lou Salomé, como é chamada, é uma gata preta que adora aparecer na frente da câmera. Voltando à conversa, ela me conta de outros projetos que já participou como o programa na Rádio Atlântida em que ela e uma amiga conversavam com famosos como Cacá Diegues, Daniel Galera, Angeli, Tico Santa Cruz, entre outros, sobre sexo; e o na rádio Jovem Pan, onde comandava de segunda a sexta, um programa de auditório.
Entre suas influências musicais estão David Bowie, The Strokes e Arctic Monkeys. Carol gosta bastante de rock, mas foge um pouco de bandas mais clássicas como Rolling Stones: “Não gosto muito do óbvio. Hoje mesmo estava ouvindo Devendra Benhart”, revela. No cinema, Carol se identifica com a delicadeza erótica de Bertolucci para retratar a sexualidade – em sua sala, há um quadro enorme do filme “Os Sonhadores”. Admira também a obra de Woody Allen: ela conta que se identifica com a neurose dos personagens dele.
Quando questionada sobre o amor, diz que está em um relacionamento sério consigo mesma. “Hoje fico pensando que a felicidade é boa quando vem de maneira discreta, ela não precisa ser eufórica sempre. Tô procurando felicidades discretas mais do que grandes euforias, porque eu vi que é dessa maneira que encontro meu equilíbrio e minha paz”. Após o término do casamento com Fred, ela está novamente se encontrando. “De repente começou a voltar para mim essa vontade de viver intensamente, tô muito energizada, buscando coisas que me inspiram, pretendo voltar para as aulas de francês, por exemplo”, diz toda sorridente. Saio da casa da Carol com aquela sensação de ter saído da casa de uma velha amiga que não via há muito tempo e que resolveu me contar como tinha sido a vida dela nesse tempo em que estive ausente. E também com uma vontade imensa de viver essas tais felicidades discretas.
*escrevi esse perfil após uma tarde inteira de conversa com a Carol Teixeira, em 24 de novembro de 2012