(porque não dá pra falar do camelo sem antes falar de LH)
los hermanos não entrou no meu coração depois que ouvi anna júlia. eu tinha 9 anos. o legal era cantar com os amigos e só. los hermanos, oi? foi só mais tarde que os barbudos realmente me pegaram. descobri o primeiro álbum inteiro com uns 13 anos. cantava “quem sabe?” aos berros após uma decepção adolescente. mas a primavera me trazia a esperança. los hermanos nesse época foi uma paixãozinha de adolescente. mas então, anos depois descobri o segundo álbum, lançado em 2011. eputaquepariu. me apaixonei de novo, mas era uma paixão mais madura. porque ninguém era mais sentimental que eu, e eu queria pintar o meu nariz e brincar de ser feliz, e se eu pecava era na vontade de ter um amor de verdade… aí veio o ventura, de 2003. eputaquepariu de novo. ah, eu não queria mais ser uma vencedora, todo mundo que me via lendo jornal na fila do pão sabia que eu tinha te encontrado, não me acanhava em ver vaidade em mim, perguntava quem se atrevia a dizer do que é feito o samba… dessa vez, a paixão se tornou amor. e pra consolidar esse amor, numa espécie de casamento, foi lançado o 4. eu queria ver o horizonte distante, pedir pra nós todo o amor do mundo e ouvia o vento passar e assistia à onda bater.
após o casamento, a banda acabou. mas o amor permaneceu, é claro. rodrigo formou o little joy, banda bacana. e marcelo seguiu carreira solo. então vamos falar do marcelo. camelo, prxs íntimxs. já disse que meu tesão é intelectual, né? então sempre senti um puta apreço pelo cara. e confesso que não gostei quando ele convidou a mallu pra compor com ele e eles começaram a namorar. apesar de gostar da mallu desde aquela época, achava ela muito menininha pra ele (é, eu dou opinião sobre relacionamentos de pessoas que eu nem conheço. quer dizer, conheço sim, mas não conheço). mas o tempo foi passando e tcharãm, malluzinha cresceu, hoje é um mulherão e também me causa um apreço imenso (a-m-o as músicas do último cd dela).
mas voltando ao camelo.
saí da festa de casamento (da minha prima) e fui direto pro show. é, vestido de festa, make up, penteado… o salto eu tirei. ou eu ficava descalça ou eu não conseguia ficar mais de pé. optei pela primeira opção. chegay suada – e já descabelada –, de tão rápido que andei, com medo de não chegar a tempo.
o teatro vila mariana não é tão grande nem tão pequeno e tem uma acústica incrível. sentei de frente pro palco (é um teatro, tem cadeiras e tal, então infelizmente a gente tem que sentar). palco lindo, simples, com umas samambaias pra dar o ar tropical, que me lembrou o clipe “sambinha bom”, da mallu.
camelo entra no palco com pouco mais de 10 minutos de atraso. lindo, lindo, lindo. junto a banda hurtmold e ao trio dos metais: bubu, tiquinho e jaziel. lindos, lindos, lindos. me arrepiei.
em 2008, camelo lançou seu primeiro álbum solo sou – ou, como a arte poema de rodrigo linares nos possibilita ler, nós – e, mais recentemente, em 2011, lançou toque dela. o que presenciamos foi uma mistura de los hermanos e de sua carreira solo.
inevitável não chorar com pois é e acostumar, não se emocionar com janta e cantar morena aos berros. pular com copacabana e menina bordada. o cara sentado ao meu lado, me acompanhava na cantoria (assim como a maioria das pessoas ali naquele teatro). mas chegou um momento em que não dava mais pra ficar sentada, sabe? algo maior que eu. aquela atmosfera que se forma em um ambiente com muita gente curtindo a mesma energia. levantamos. quase todos. ficamos em frente ao palco, pulando, cantando, gritando além do que se vê.
o sentimento era de festa, de comemoração. eu, atônita, em êxtase, sentindo todo o amor do mundo ali. então camelo se despediu. e continuamos ainda um tempo por ali. gosto de quero mais, muito mais. ah, ele distribuiu as samambaias entre o público. acabei ficando sem samambaia. mas trouxe comigo todo o sentimento. todo sentimento me carrega. ficou faltando último romance. será que demora muito tempo pro camelo subir novamente aos palcos?