“Você apareceu do nada e você mexeu demais comigo”… Pode soar cliché e até meio brega, mas acho que não existem outras palavras que se encaixem tão perfeitamente ao nosso encontro. Eu passei o dia inteiro na São João, onde famílias foram expulsas pela Justiça do prédio que ocupavam irregularmente. O dia inteiro no sol, sentada no chão, sem nenhuma maquiagem. Ao anoitecer, fui com o Márcio para Augusta. Era para eu ter ficado pouco tempo. Mas…
Augusta é Augusta e conheço meio mundo por lá. Acabei encontrando alguns amigos na Peixoto Gomide, sentei para conversar com eles e… te encontrei. Você estava bebendo com seus amigos. Eu pedi o isqueiro. Você ofereceu a bebida. Não lembro quem puxou o assunto primeiro, mas quando dei por mim você tinha colocado blues, jazz e música clássica no seu celular para eu ouvir. Eu pensei, “porra, ele tá me mostrando blues, jazz e música clássica em plena sexta-feira à noite na Peixoto Gomide”! Eu pirei com aquilo. Depois você me mostrou um caderno com textos da sua própria autoria. “Porra, além de gostar de música boa, ele ainda escreve”, foi meu pensamento seguinte. Eu pirei ainda mais.
Eu já tinha bebido uma quantia razoável de álcool e precisava ir ao banheiro esvaziar a bixiga. Você me acompanhou. No Pescador, parei para conversar com uns amigos. Cantamos Legião Urbana na rua. Foi lá que a gente se beijou pela primeira vez.
Ficamos a noite inteira juntos e no final, a boba aqui pediu para que você me deixasse e fosse embora. Eu não aceitava que um cara, o qual tinha acabado de conhecer, pudesse mexer tanto comigo. “Sou um animal sentimental me apego facilmente ao que desperta o meu desejo” foi a música que veio em minha mente naquele momento. Eu pedia para você ir, mas você ficava, pois enxergava nos meus olhos a verdade: eu queria mesmo era que você ficasse. Mas eu não daria o braço a torcer.
Então você disse que queria cuidar de mim. Que não era mais um cara. Que não ia embora. Que queria ficar na minha vida. Que entendia meu medo. Foi quando comecei a chorar na sua frente – e me senti péssima por isso. Chorar na Augusta enquanto o dia está amanhecendo? Eu nunca chorei na Augusta antes e um cara que acabei de conhecer, que me mostrou músicas ótimas, que escreve bem para caralho, que é inteligente, engraçado e lindo, consegue me fazer chorar fácil assim?! Porra!
Decidi ir para casa. Antes de eu ir, você me entregou uma folha de caderno com um texto seu. Li enquanto pegava o metrô e… simplesmente amei. Bateu aquela vontatde de voltar correndo para os seus braços.
Cheguei em casa e acabei adormecendo com o papel ainda em minhas mãos. No dia seguinte te mandei um sms. Abri um sorriso do tamanho do universo quando você respondeu.
Foi assim que a nossa história começou. Não vou mentir: ainda tenho medo, ainda me sinto insegura. Mas hoje posso admitir: te amo, te quero, te desejo. O tempo inteiro, todos os dias, agora, nesse exato instante. Foi algo tão louco, tão rápido, tão… a gente.
Eu quero viver um dia de cada vez contigo. Nada mais, nada menos. Mas tem que ser completo, sabe? Cada momento. Como diria o Caio F., que seja doce, neném.