parece que foi ontem. eu estava no salão de casa, pintando as unhas. a casa cheia, a churrasqueira a mil, latinhas de cerveja. recebo uma ligação que me dói até hoje. demorei pra raciocinar. não entendia. não podia ser. devia ser brincadeira. não tinha acontecido. era impalpável demais para ser verdade. as palavras ficaram embaralhadas. lilica. ônibus. atropelamento. morte. nada se encaixava. do outro lado da linha, tatá, irmã mais nova de lilica, me pedia para avisar algumas pessoas que ela não tinha contato. ela avisando da morte da irmã. eu avisando da morte da amiga. tudo tão irreal, tudo tão fora de órbita. a ficha não tinha caído, obviamente. até hoje não sei se caiu. parece que lilica foi apenas viajar e que daqui a pouco estará de volta.
foi tudo tão doído. a saudade quase não cabe no peito. lembro das nossas conversas, do sorriso dela, de tudo o que aprontávamos na adolescência… uma parte de mim se foi e não há nada que concerte isso. essa falta, esse vazio, sempre vai existir. sempre vai faltar você, lilica.
ontem, você esteve presente em todos nós. cada um carregando um pedacinho seu dentro do coração. relembrando cada momento com saudade e nostalgia. nos juntamos e pudemos sentir você na fala de cada um. todo mundo ali, junto outra vez, como há muito tempo não fazíamos. seus pais, sua irmã, seus primos, sua tia e nós, seus amigos. impossível conter o choro, impossível não sentir que você estava ali com a gente.
sabe, eu nunca vou deixar de sentir a sua falta. mas hoje já não dói tanto quanto antes. acho que a gente se acostuma aos vazios. de alguma maneira, você está em mim e em todos que te conheceram em vida. e porra, a gente sente sua falta para caralho. te amo para todo o sempre, lilica ♥