fingi na hora rir

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faz de conta que uma veia não se abrira e faz de conta que dela não estava em silêncio escorrendo sangue escarlate. faz de conta que ela não era lunar, que não estava chorando por dentro – pois agora mansamente, embora de olhos secos, o coração estava molhado; ela saíra agora da voracidade de viver. se fosse uma pessoa inteiramente só, como era antes, saberia como agir. mas após sentir o que sentiu, após estar com elx inteiramente, de corpo e alma, como nunca havia se permitido antes, não sabia mais. sentiu ela, que então se amedrontava de ser uma só. o seu descompasso com o mundo era gritante. ser era uma dor? a noite que não vinha, não vinha, não vinha, que era impossível. e o seu amor que agora era impossível – que era seco como a febre de quem não transpira era amor sem ópio nem morfina. não havia senão faltas e ausências. era raro uma pessoa tocar tão de perto a sua própria perdição. sou um monte intransponível no meu próprio caminho, Lóri.

– fragmentos meus e da clarice, em sintonia.

fingi na hora rir

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